O ELOGIO
“Na vida não há
prémios nem castigos. Somente consequências.”
Elogie o esforço, não a inteligência.
Elogie da forma certa.
O ser humano foge de experiências que possam
ser desagradáveis. As crianças “inteligentes” não querem o sentimento de
frustração de não conseguir realizar uma tarefa, pois isso pode modificar a
imagem que os adultos têm delas. “Se eu não conseguir, eles não vão mais dizer
que eu sou inteligente”. As “esforçadas” não ficam com medo de tentar, pois
mesmo que não consigam é o esforço que será elogiado. Nós sabemos de muitos
casos de jovens considerados inteligentes não passarem de ano, enquanto que aqueles
jovens “médios” obtiveram sucesso. Os inteligentes confiaram demais na sua
capacidade e deixaram de se preparar adequadamente. Os outros sabiam que se não
se esforçassem não seriam aprovados e, justamente por isso, estudaram mais,
resolveram mais exercícios, leram e
aprofundaram melhor cada uma das
disciplinas.
Nossos filhos precisam ouvir frases como: “Que
bom que você o ajudou, você tem um bom coração”, “Parabéns, meu filho, por ter
dito a verdade apesar de estar com medo… você é ético”, “Filha, fiquei orgulhoso
de você ter dado atenção àquela menina nova ao invés de tê-la excluído como
algumas colegas fizeram… você é solidária”, “Isso mesmo, filho, deixar o seu
primo brincar com seu videogame foi muito simpático, tu és um bom amigo”.
Elogios desse tipo estão fundamentados em ações reais e reforçam o
comportamento da criança que tenderá a repeti-los. Isso não é “tática” paternal,
é incentivo real.
Por outro lado, elogiar superficialidades é uma
tendência atual. “Que linda que tu és, amor”, “Tu és muito esperto, meu filho”,
“Como você é charmoso”, “Que cabelo lindo”, “Seus olhos são tão bonitos”.
Elogios como esses não estão baseados em fatos, nem em comportamentos, nem em
atitudes. São apenas impressões e interpretações dos adultos. Em breve, as crianças
como essas estarão fazendo chantagens emocionais, birras, manhas e
“charminhos”. Quando adultos, não terão desenvolvido resistência à frustração e
a fragilidade emocional estará presente.
MARCOS
MEIER é mestre em Educação, psicólogo, escritor e palestrante.