sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Jornal de parede


O ELOGIO

“Na vida não há prémios nem castigos. Somente consequências.”
Elogie o esforço, não a inteligência.
Elogie da forma certa.

O ser humano foge de experiências que possam ser desagradáveis. As crianças “inteligentes” não querem o sentimento de frustração de não conseguir realizar uma tarefa, pois isso pode modificar a imagem que os adultos têm delas. “Se eu não conseguir, eles não vão mais dizer que eu sou inteligente”. As “esforçadas” não ficam com medo de tentar, pois mesmo que não consigam é o esforço que será elogiado. Nós sabemos de muitos casos de jovens considerados inteligentes não passarem de ano, enquanto que aqueles jovens “médios” obtiveram sucesso. Os inteligentes confiaram demais na sua capacidade e deixaram de se preparar adequadamente. Os outros sabiam que se não se esforçassem não seriam aprovados e, justamente por isso, estudaram mais, resolveram mais exercícios, leram e  aprofundaram melhor  cada uma das disciplinas.

Nossos filhos precisam ouvir frases como: “Que bom que você o ajudou, você tem um bom coração”, “Parabéns, meu filho, por ter dito a verdade apesar de estar com medo… você é ético”, “Filha, fiquei orgulhoso de você ter dado atenção àquela menina nova ao invés de tê-la excluído como algumas colegas fizeram… você é solidária”, “Isso mesmo, filho, deixar o seu primo brincar com seu videogame foi muito simpático, tu és um bom amigo”. Elogios desse tipo estão fundamentados em ações reais e reforçam o comportamento da criança que tenderá a repeti-los. Isso não é “tática” paternal, é incentivo real.

Por outro lado, elogiar superficialidades é uma tendência atual. “Que linda que tu és, amor”, “Tu és muito esperto, meu filho”, “Como você é charmoso”, “Que cabelo lindo”, “Seus olhos são tão bonitos”. Elogios como esses não estão baseados em fatos, nem em comportamentos, nem em atitudes. São apenas impressões e interpretações dos adultos. Em breve, as crianças como essas estarão fazendo chantagens emocionais, birras, manhas e “charminhos”. Quando adultos, não terão desenvolvido resistência à frustração e a fragilidade emocional estará presente.

MARCOS MEIER é mestre em Educação, psicólogo, escritor e palestrante.

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